sexta-feira, 6 de abril de 2012

Laqueadura sem corte


Um procedimento de esterilização feito sem cortes e em apenas cinco minutos está em teste no Brasil. Concebido como uma alternativa à cirurgia de laqueadura, o método é uma opção para portadoras de doenças cardíacas graves, para quem tanto a cirurgia quanto a gravidez sobrecarregariam o coração. Elas também não podem tomar anticoncepcionais (os hormônios desses remédios representam risco para elas).

A técnica consiste na colocação, pela vagina, de um aparelho feito de titânio e níquel – chamado Essure – projetado para ser introduzido nas trompas. Após três dias, forma-se uma fibrose, espécie de reação de rejeição ao corpo estranho presente na trompa. Ela acaba funcionando como um obstáculo que impede o óvulo de alcançar o local onde se encontraria com o espermatozoide.

O implante está em testes em hospitais públicos de referência em saúde da mulher do Rio de Janeiro e de São Paulo (em algumas instituições particulares do País, já está disponível). “A eficácia da esterilização é de 90%”, explica Paulo Olmos, chefe do serviço de Reprodução Humana do Hospital Brigadeiro, em São Paulo. E também é irreversível. “A mulher só poderá engravidar por meio de fertilização in vitro (junção de óvulo e espermatozoide em laboratório)”, explica o ginecologista Luciano Gibran, do Hospital Pérola Byington, em São Paulo.

A vendedora paulistana Viviane Brito, 24 anos, submeteu-se ao procedimento. Ela nasceu com uma cardiopatia que impede o sangue bombeado do coração de chegar aos pulmões. Casada há um ano, Viviane engravidou acidentalmente, mas teve de interromper a gestação para que seu coração não fosse sobrecarregado. “Passei muito mal”, conta. “Não quero sofrer novamente.”

Os especialistas acreditam que o método tem bom potencial para ser usado em programas de planejamento familiar. “Sua adoção diminuiria a fila de espera para a laqueadura”, diz o médico Olmos. A Conceptus, fabricante do aparelho, já está em negociação com o governo brasileiro. “Estamos conversando sobre a possibilidade de ampliar os testes em outras instituições públicas”, disse à ISTOÉ Spencer Roeck, presidente da companhia.

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