segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diários uterinos

Os diários são atalhos para a alma de quem os tem. Talvez por isso eu não tenha um: não creio que a minha alma esteja pronta para ser lida por aí. Ainda assim, gosto de ler o diário de outras pessoas – o que é no mínimo irônico, eu sei – e resolvi compartilhar com vocês os itens de uma coleção de diários que um dia pretendo completar para ler várias e várias vezes, do começo ao fim do livro e da vida. Porque além do prazer da leitura curiosa em si, os diários são o material ideal para o livro que estou escrevendo, o “Útero Vazio”, que de uma certa forma nada mais é do que um diário coletivo. Talvez por isso, e não por coincidência, os 4 diários que eu mais desejo ler tenham sido escritos por uterinas muito queridas sobre as quais não me canso de pesquisar:

1) O diário de Virginia Woolf – dividido em 5 volumes (escrito de 1915 a 1941)


Trecho do diário:

“Valha-me Deus! Discutimos quase toda a manhã! E a manhã estava linda e agora desapareceu no Hades para sempre, ferida com as marcas do nosso mau-humor. Quem começou? Quem continuou? Eu sei lá. O que posso dizer é isso: eu fervo em pouca água, e o Leonardo fervilha.” [1]

2) O diário de Virginia Woolf II – “A casa de Carlyle e outros esboços”


Trecho sobre o diário:

"Até 2003, este diário estava esquecido em uma gaveta. A datilografia dos textos tinha sido encomendada pelo marido da escritora, Leonard Woolf, em 1968, a uma jovem chamada Teresa Davies. Mas antes mesmo que Teresa tivesse começado o trabalho, Leonard adoeceu e morreu. Sem saber o que fazer com o caderno de papel pardo, ela o guardou, permanecendo intacto até o ano passado.O diário tem a forma de um bloco de notas e a inscrição "1909" na capa. Mas, ao contrário dos diários posteriores, recheados de acontecimentos, impressões e impropérios, este é um caderno de esboços, divididos em sete capítulos, que revelam uma Virginia Woolf ainda não consagrada, uma autora em formação, uma mulher cheia de dúvidas.” [2]


3) O diário de Frida Kahlo (escrito de 1944 a 1954)

Trecho sobre o diário:

“Ler o diário de Frida Kahlo é inquestionavelmente um ato de transgressão, com certa matriz voyeurista. Este documento constitui a expressão mais íntima dos sentimentos da artista, cuja intenção não foi publicá-lo. Por esta razão cabe catalogá-lo dentro do gênero do diário íntimo, série de anotações de caráter pessoal realizadas por uma mulher. (...)O fato de Frida Kahlo incluir parte da sua obra gráfica no seu diário pessoal converte a este último numa peça quase única entre os “jornais íntimos” dos que se têm conhecimento. Esta coleção de imagens difere do típico caderno de esboços de artista, habitualmente utilizados para guardar traços preliminares de obras posteriores, ou melhor para pôr em formato reduzido a solução de quadros maiores. Só numa ocasião a pintora transformou um desenho realizado a tinta, incluído no diário, num quadro em grande escala. E diferente dos outros, Frida Kahlo deixa de lado os acontecimentos quotidianos e expressa no seu diário – como Virgínia Woolf – uma marca de sentimentos (e imagens) que não se encontra em mais nenhuma outra parte.” [3]

4) O diário de Beatrix Potter


Trecho sobre o diário:

"Na adolescência, Beatrix Potter começou a escrever um diário secreto, em código. Quinze anos após a sua morte, o código pôde ser decifrado. Foi publicado em inglês, sob o título de “Beatrix Potter: A Journal”. [4]


Fontes:
[1] http://virginiawoolf.wordpress.com/2011/05/22/cotidiano-1/
[2] http://srv-net.diariopopular.com.br/03_10_04/ir290902.html
[3] http://www.diariografico.com/htm/outrosautores/Frida/Frida03.htm
[4] http://www.alexsensfuziy.com/2011/04/06/sylvia-plath-escreveu-sobre-virginia-woolf/

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